quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Poda técnica de árvores

Poda técnica de árvores



A poda de árvores deve seguir alguns princípios gerais, quer seja em casa, numa rua ou numa praça. Uma condição importante é que a poda garanta a sobrevivência da árvore, não lhe causando mais problemas do que benefícios. O destopamento das árvores, já referido aqui no blog como prática criminosa - veja AQUI), é um exemplo de mais problemas do que benefícios para a árvore, muitas vezes resultando na sua morte.


A questão das árvores sob fiação elétrica é dramática. Luta feroz entre as concessionárias de energia (que pensam apenas em garantir o funcionamento da rede elétrica, prioridade óbvia e desejável para elas e para os cidadãos) e o paisagismo urbano (que muitas vezes tem que "aceitar" as deformidades infringidas às árvores, que muitas vezes acabam causando a morte da mesma). Tal questão precisa de uma abordagem firme e serena, porém fruto de muita discussão e bom senso: o Plano Municipal de Arborização Urbana. Tal plano deve prever quais espécies podem ser plantadas sob fiação elétrica, quais não podem, quais devem ser suprimidas por essa razão e em qual intensidade isso deve ser feito (considerando riscos maiores ou menores). Um plano desse tipo é para durar décadas, para ser seguido à risca pelos prefeitos que se sucederem, portanto, fruto de intenso debate e consenso.


Voltando aos princípios gerais da poda, um dos mais importantes e definidor de quais ramos são prioritários para a supressão é o da exposição à luz. Nem todos os ramos da planta estão expostos à mesma intensidade de luz. Consequentemente não possuem a mesma intensidade fotossintética (produção de açúcares = alimento). No entanto, o consumo de açúcares (respiração celular) é praticamente constante e independente da intensidade de luz recebida pelo ramo. Assim, ramos localizados na sombra acabam consumindo mais açúcares (retirados da seiva de uso comum por toda a planta) do que produzindo. Tornam-se fracos, mais sensíveis a doenças e praticamente são parasitas da planta. Os ramos expostos à iluminação plena têm que arcar sozinhos com essa demanda extra, gerando um estresse na planta. O gráfico abaixo ajuda a entender tal conceito (intensidade dos processos metabólicos em função da intensidade de luz):










Clique na imagem para ampliar.





A partir dessa compreensão, os ramos mais à sombra devem ser eliminados, rentes ao caule principal, preservando a crista que garante a regeneração da casca e cicatrização efetiva. (Para entender a função do colar e da crista, consulte as páginas 6 e 7 do Manual de Poda Urbana da Prefeitura de São Paulo, disponível AQUI.)


O resultado final, deve ser algo próximo ao ilustrado na imagem abaixo:

















O antes e o depois da poda.


Decidi escrever este post ontem (28/set/2011), após confirmar que finalmente começamos a ter podas técnicas além do padrão CEMIG de "só podar onde tem fiação". Está ainda um pouco tímida, mas já se faz notar. Registrei tal ação de poda na Praça Alexandre Lanza (clique AQUI). Agora observo também na Praça Dom Carmelo Motta, veja abaixo.












Fico no aguardo do PREPARA (Programa de Remoção de Parasitas). Mas de qualquer maneira, não posso deixar de dar os parabéns ao corpo técnico da Secretaria do Meio Ambiente.


Aguardamos mais boas novidades!!!






Texto, fotos e esquemas: Ramon Lamar de Oliveira Junior


Nos esquemas, desenhos do site www.tree-felling.co.uk modificados.

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